terça-feira, 13 de setembro de 2011

Envelhecimento e dignidade...

A despeito dos inúmeros problemas de ordem sócio-econômica, com um agressivo quadro de iniquidades e dificuldades de acesso aos serviços e direitos básicos para o pleno exercício da cidadania, o Brasil ainda é associado a imagem de país jovem, festivo, hospitaleiro, etc, etc...

Isolamento e solidão. 

Tal cenário tem se transformado, e já se reflete nas diversas estatísticas, tanto em relação aos levantamentos censitários, quanto aos de saúde pública - no primeiro, há mostras da alteração da estrutura de nossa pirâmide etária... ela não tem mais a base larga e topo reduzido (alta taxa de natalidade, com predomínio das populações jovens e reduzida dos idosos).

A tendência atual é de envelhecimento da população... com estreitamento da base, concentração nos estratos etários superiores... de modo que, certos estudos indicam que em torno de 2050 seremos um país "envelhecido", concentrando boa parte da população nos estratos etários mais avançados.


Do ponto de vista da saúde pública, a despeito da miséria e da desigualdade na distribuição dos recursos e iniquidade no acesso aos serviços básicos de saúde, o Brasil demonstra indícios, desde meados da década de 80, de transição epidemiológica (que certamente impactou em nossa pirâmide etária).

Isto é, o Brasil tem avançado em termos de adoecimento, deixando no passado certas patologias consideradas típicas de países subdesenvolvidos atreladas à falta de saneamento básico e de outras condições mínimas de salubridade para compor um cenário misto com doenças crônicas relacionadas muitas vezes ao envelhecimento, como as neoplasias não-ambientais.

Neste sentido, o Brasil também tem alterado seus perfis de mortalidade, inclusas as taxas de suicídio... estando ainda alocado na posição de 83o. entre 100 países investigados para a taxa de suicídios.

Conforme apontado em "post" anterior, houve aumento expressivo nas taxas da dita "depressão" e do uso crescente de psicotrópicos (que deu o carinhoso apelido de "nação Rivotril" ao Brasil) no país... acompanhando, ainda que de longe, as estatísticas mundiais no que diz respeito a prevalência de tal transtorno do humor.

Porém, o posicionamento do Brasil na casa dos 80's cai para a casa dos 60's, especialmente se considerarmos uma estratificação por regiões, idade ou sexo. Com predomínio entre o sexo masculino e idosos.

Pouco se sabe acerca dos perfis envolvidos em tais estatísticas. Observa-se em nível nacional, que os suicídios nos remanescentes de populações indígenas alteram significativamente tal média: uma vez que apresentam uma taxa de até 4 ou 5 vezes a mais que a média nacional - em torno de 4 suicídios em 100.000 habitantes... note-se que em países como o Japão tal média gira em torno de 25 a 32 mortes por 100.000 habitantes. 

Além disso, estados como o Rio Grande do Sul apresentam taxas de mortalidade similares a países líderes dos rankings. De modo que, em 2005, o suicídio passou a ser encarado como um problema de saúde pública, muito embora existam poucos dados e estudos disponíveis sobre o assunto.

Maria Cecília Minayo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz aponta uma tendência preocupante com aumento na taxa de suicidio entre a população idosa. Questão esta crucial se pensarmos que o Brasil está deixando de ser um país jovem... e que o envelhecimento do país tem sido pauta e preocupação não só nas cadeiras da previdência social, mas também na saúde pública e todos os demais setores que estão longe de atender com dignidade qualquer segmento etário...

Quem dirá uma população vulnerável desde a atualidade? Políticas públicas efetivas associadas a uma gestão participativa fazem-se mais que necessárias para o atendimento de demandas reprimidas de décadas, para um atendimento preventivo, educativo e inclusivo, que contemple e proporcione condições dignas para o amadurecimento e envelhecimento saudável de nossos cidadãos.



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